Não apresento aqui uma contribuição às ciências
humanas, mesmo porque este autor que ora vos agasta não tem suficientes letras
para se arvorar de intelectual. Mas, pensando sobre as voltas, reviravoltas e
cambalhotas que o mundo dá, cheguei à conclusão de que os antropólogos,
sociólogos e demais estudiosos do comportamento humano – e os há às montanhas –
estão nos devendo alguns porquês sobre nosso comportamento.
É sabido que as pessoas comportam-se mais ou menos
conforme determina seu líder. Já os liderados, muitas vezes, nem têm noção de
como são conduzidos; o líder, noutras vezes, nem mesmo se vê como condutor.
Baseando-se nessa breve assertiva, pode-se entender
melhor o (mau) comportamento de determinadas pessoas ou grupos. Isso se verifica
em gangues travestidas de torcidas organizadas, em determinadas famílias e,
principalmente, nas seitas religiosas. Estas têm sido muito comuns e se
proliferam feito sauveiro após as primeiras chuvas.
O líder de uma seita é conhecido e venerado, mas esta
não é uma regra aplicada às famílias. Em geral, no núcleo familiar o líder aparente
é um parvo. Pensa que manda, mas não decide sequer pelo café ou a pinga que
bebe. À sua sombra – ou melhor, fazendo-lhe sombra – há quem de fato comanda a
todos, inclusive o dito “mandachuva”, que, de tão inepto, não chega a ser nem “manda
garoa”. Para o bem ou para o mal, essa liderança, ainda que submersa, existe e
determina toda a trajetória do grupo.
Se o inexistente leitor discorda deste ensaio,
dou-lhe o crédito da inteligência, que muito me é escassa. Ainda assim, ouso
avançar nesta insana explanação. Para corroborar esta tese, tomo como
referência a matilha do vizinho. Lá, há uns três ou quatro cães ferozes, mas um
deles é quem decidiu pela ferocidade canina. Caso o líder fosse “gente boa”, a
matilha passaria o tempo cochilando, sonhando com um osso e meditando sobre seu
pequeno mundo delimitado por muros, e a perna do visitante estaria a salvo.
O ideal para todos nós, humanos, desumanos e para
os “mano” também, seria que ninguém se submetesse aos ditames de outrem. Cada um
deveria se empenhar em descobrir a verdade em meio a tanta maldade e deixar-se
guiar por ela. Há que se encontrar discernimento, ou então se caminha manso e
bovinamente para o matadouro.
Voltando aos grupamentos humanos, mais
especificamente às tribos, suburbanas ou não, e aos clãs, o líder é quem lhe dá
rosto. Vícios ou virtudes dessas massas têm o DNA de quem as comanda. Esse comando, consciente ou não, pode vir de
patriarca, matriarca ou “filiarca”, com o perdão por esse neologismo.
Por essas e tantas
outras, tenho recalcado meus ânimos. Tento, meditabundo e sem muito sucesso,
interpretar os “sinais do tempo” presente, passado e futuro. Mas, o produto de
tamanho exercício mental deu nesse besteirol.
Desconfio que
a (não) crônica de hoje deva frustrar alguns abnegados que insistem em me
acompanhar. Mas, fazer o quê?... Preciso cumprir a agenda da quinzena...
FILIPE