Amigo, prometi a você que não
escreveria sobre política, mas não dá. Se eu não fizer isso, terei algo
semelhante a ‘congestão intestinal’ e necessitaria urgentemente de um laxante.
Então, descumprindo a promessa, vou escorregando tela abaixo. Se puder me
acompanhar...
O Brasil está em "festa", o amigo sabe,
e essa festa não é do pobre, mas da grã-finagem. As ‘multidões ululantes’, que
pedem a saída de Dilma e a prisão de Lula, operam pela volta da oligarquia
paulista ao poder. Desde Getúlio Vargas, em 1930, nunca mais um paulista foi
presidente (FHC é carioca). O movimento de 1932, denominado Revolução
Constitucionalista, é caso único no mundo. A academia, desde sempre
hegemonicamente paulista, assim o denomina para minimizar a humilhação perante
as tropas federais. Quem na luta não triunfou fez rebelião, e não revolução. Mas
a “Rebelião de 32” ainda está fumegante e já aponta suas canhoneiras.
O alvo atual é Dilma, seguida de
Lula; o próximo será Aécio, seguido de Marina Silva; finalmente, a batalha
fratricida ente Alckmin e Serra, com a preponderância do primeiro. E assim, o
caminho vai sendo aberto a “foice e facão” pela plutocracia paulista rumo ao
Planalto. Enquanto isso, 99 parlamentares aguardam julgamento no STF e 500
inquéritos estão em andamento, sem pressa.
O segundo governo Dilma, que não
começou, nunca vai existir. Ela perdeu o norte apoiando-se em Mercadante, que
possui apenas um par de neurônios. Os movimentos sociais, seu alicerce, lhe são
hostis e as Forças Armadas, o lastro do Estado de Direito, não lhe são leais.
Poucos sabem, mas a Unidade Militar, que desencadeou o golpe de 1964,
denomina-se “Brigada 31 de Março” – uma afronta à ordem estabelecida com a
redemocratização. Também, com um inepto Aldo Rebelo no Ministério da Defesa...
Queixo-me da ingratidão do povo
em relação ao PT, pois nos últimos 13 anos, uma verdadeira revolução social
aconteceu no país. Cerca de um milhão de jovens fazem faculdade de graça; a
metade das vagas nas universidades federais é reservada a alunos de escolas
públicas; 50 milhões de brasileiros deixaram a miséria; a parcela da população
com nível universitário já é de quase 30%, sendo que antes não chegava a 10%; o
poder real do salário mínimo mais que dobrou; o índice de desemprego, embora
alto, não chega a 10% – muito abaixo de países europeus como Grécia, Portugal e
Espanha; tem o Minha Casa, Minha Vida e tem mais.
A Lava-Jato, não lava tudo. Apurou-se
que um empreiteiro investigado não delataria tucanos por uma razão: eles serão os
próximos inquilinos do Planalto; um humilde capoteiro, intimado por engano pelo
tiranete de Curitiba, foi dispensado sem pedido de desculpas. Ao sair, ouviu
gargalhadas do juiz e do procurador, seu inquiridor; os promotores paulistas,
que fustigam Lula, não tiveram o mesmo rigor com o deputado Barros Munhoz,
aliado de Alckmin, cujos crimes caducaram no TJ-SP; juízes e procuradores têm
salários acima de 200 mil reais e pressionam o Congresso para que adiem votação
de projeto de lei para impor limites (Painel da Folha – 28/02).
Ando meio sorumbático, não tenho
assistido ao noticiário, pouco leio e nem me animo a telefonar para amigos. E
nessa letargia, vou tocando a vida, cada vez mais desacorçoado com as desditas
do dia a dia. Quero assistir às missas na TV, mas tem o dom Darci, de
Aparecida, convocando o povo a matar a “Jararaca”, que atende por Lula. No Ano
da Misericórdia, um pastor da Igreja Católica pregando o ódio!
FILIPE