Caro Marcelo Henrique.
Ainda que um poeta não precise de
conselhos, atrevo-me a lhe dizer que um ‘imortal’ da poesia e da prosa deveria se
preservar da cólera verborrágica que nos acomete, os reles mortais.
Em seu texto intitulado “Em busca do equilíbrio” e publicado na
última edição deste semanário, você diz, entre outras coisas, que “o PT é um
cadáver insepulto, fede muito e verte chorume”, que “as centrais sindicais e o
MST são, em sua quase totalidade, uma horda de baderneiros” e que “a UNE
continua sendo um nicho de comunistas”! Bom, para quem prega o “equilíbrio”,
conforme sugere o título do artigo, seu autor parece estar um pouco
desequilibrado. Não se deve lançar à geena
inocentes almas misturadas aos desalmados, que se encontram também em outras plagas.
Quanto ao alvo de sua verrina, o
PT, posso afirmar que não se trata apenas de uma estrela ou uma sigla, mas um
partido político com inserção social, tendo entre seus membros pessoas de
altíssima e ilibada reputação. Dentre seus filiados, há os que trabalham duro e
honestamente, encampando a luta política contra os espoliadores da classe operária.
Chamar o PT de “cadáver insepulto” é atentar também contra nós, seus
simpatizantes e eleitores eventuais.
Talvez o articulista não saiba,
mas nos outros partidos há ladrões e alguns roubam até verba da merenda escolar!
Neles há também os lambe-botas sempre à espreita de uma “boquinha” na
Administração Pública, uma gente mesquinha, bem relacionada e que costuma lograr
êxito, sobrepesando a sociedade em cargos comissionados. Em Amparo, na atual
gestão, isso chegou a ser questionado pelo Ministério Público.
O fato é que o Partido dos
Trabalhadores, apesar de seus inúmeros defeitos e injustificáveis equívocos, foi
a força motriz responsável por riscar o Brasil do mapa da fome neste início de
século. Dos adversários, não se espera outra coisa senão a crítica
irresponsável. Mas do povo pobre, esperava-se gratidão e não essa fúria
tresloucada alimentada pela mídia nazifascista. Por ignorância ou maldade, muita
gente beneficiada pelo “Minha Casa, Minha Vida”, “ProUni” e outros programas de
inclusão social apedreja o PT. A história, sempre ela, há de dar o justo veredito e esse “cadáver” poderá revivificar.
Uma palavra final. Para nós – os
mortais viventes de parcas letras, mal-ajambradas palavras e de pensamentos vis
– não é de todo ruim “descascar a mexerica com dedos sujos”. Mas não me parece de bom-tom tais práticas por
quem ostenta as mãos enluvadas da intelligentsia
tapuia, não é mesmo, Marcelo Henrique? Da próxima vez, não seja tão deselegante,
caro poeta!
FILIPE