É manhã de sábado. Lá fora há um
sol de verão num céu seminu, quase sem nuvens; no rádio, um programa especial
com Nora Ney, que neste momento canta ‘Ronda’ – canção de Paulo Vanzolini,
composta em 1953; ao meu lado e embaixo da mesa, a Pituka, que dorme, sonha e
ronca; no computador, este cata-milho tenta escrever algo para atualizar o blog.
Paro de dedilhar e pego o
chimarrão. A cada gole de mate, um pensamento vem e se perde. O texto não tem
rumo. A Pituka desistiu de mim e se foi para o portão. Seu passatempo é xingar
a vizinhança, particularmente um “molequinho” que mora ao lado e de vez em
quando a provoca. O sonho da Pituka é travar refrega com todos os canídeos que
passam na rua, e eles são muitos!
Neste momento, um estridente bem-te-vi
anuncia algo muito importante para sua família. Não o vejo, mas ouço sua
cantoria. Outros pássaros estão em festa: joões-de-barro, tico-ticos, anuns...
Por aqui há uma diversidade desses e muito mais. Ontem à tarde, até um carcará
deu sinal de vida.
Agora a Nora Ney já se despede do
rádio e paro de digitar para preparar um café para minha companheira. Mais
tarde volto aqui, esperando que o texto saia de forma mais ou menos palatável.
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Voltei. Agora é noite com céu
nublado e uns chuviscos, e não há os bem-te-vis, sanhaços e canários-da-terra
que alegravam minha manhã. A noite seria silenciosa, se não fosse uma solitária
ave noturna gorjeando na escuridão. Ouço também o rufar dos sapos numa lagoa
distante e o chilrear de grilos no quintal. Ao meu lado, a dorminhoca Pituka continua
sonhando seus sonhos de menina mimada e protegida, que merecidamente é.
Durante boa parte do dia, queimei
os miolos tentando habilitar um novo celular, mas acabei desistindo. Sempre uso
o sistema operacional ‘Android”, mas o aparelho novo opera em “iOS”.
Não entendo nada desse treco e, depois de tanto sofrer, resolvi dar um tempo. O
pior é que fiz uma transferência a meia-boca dos dados de um aparelho para
outro e fiquei sem WhatsApp.
Amanhã, com sorte, vou conseguir;
sem sorte, recorro a uma sobrinha, a uma amiga... ou à Maria Eugênia, que com seus
incompletos três anos de vida já tem mais domínio de tecnologia digital do que
este escriba.
Caso ninguém consiga me ajudar,
recorro à Pituka.
Socorro, Pituka!
FILPE