Por diversas
vezes este jornal publicou textos de opinião lamentando a venda de álcool nas quermesses.
São louváveis as razões desse descontentamento; o que não é tão sublime são as
razões que levam uma comunidade cristã a atentar contra a saúde de seu povo,
vendendo bebidas alcoólicas em suas festas.
Sabe-se que algumas
comunidades já não vendem cervejas em suas quermesses. O pároco, auxiliado por
uma equipe formada por festeiros igualmente responsáveis, baniu a venda de
álcool demonstrando zelo por seu rebanho e coerência com a Palavra proclamada.
Mas na Paróquia
de N. S. do Amparo, o coração da Diocese, ainda se comercializa cerveja e chope
em seus festejos. A paróquia-mãe, aquela que deveria ser um modelo para as
demais dando seu profético exemplo de conduta, insiste com esse vil comércio,
como se verificou na recente Festa da Padroeira.
O álcool, bem
sabemos, é um verdadeiro flagelo social e fator de desagregação de inúmeras famílias.
Por isso, seu consumo jamais poderia ser estimulado, nem tampouco tolerado em
quermesses.
Que o nosso
bispo D. Pedro Carlos Cipolini, usando das prerrogativas que sua cátedra lhe
confere, não permita mais a paganização de nossas festas religiosas e decrete o
definitivo fim do comércio de bebidas alcoólicas no âmbito de nossa diocese. Saiba
o bondoso bispo que os recursos advindos desses “ilícitos” não nos farão falta,
pois a nossa Padroeira, que a todos ampara e protege, jamais nos abandonará.
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O texto acima está no jornal “A Tribuna” de
Amparo em edição de hoje. Esta já é a terceira publicação que faço sobre o
assunto. Comecei com “Quermesse com cerveja”, depois “Quermesse sem cerveja” e
agora “Quermesse etílica”. Espero não haver necessidade de novo texto, pois meu
vocabulário já se esgotou. Também não consigo entender como alguns líderes de
nossa igreja podem ser tão incoerentes, tão hipócritas. O Papa Francisco, que
esteve recentemente no Brasil, reivindica uma Igreja pobre, para os pobres, totalmente
desapegada de bens materiais, como Deus quer.
Nossa paróquia tentou pôr fim à venda de
álcool começando pelas festas de maio. As festas de setembro também começaram
“abstêmias”. Mas, já no segundo dia, houve chiadeira. Certos indivíduos fizeram
tanta pressão, que um reluzente
“caminhão-tanque” estacionou-se na praça, defronte à porta da catedral. Aquela choperia, tal como
um imponente “altar a Dionísio”, fez a festa e a fortuna dos ímpios em nossa
quermesse.
FILIPE