sexta-feira, 18 de março de 2016

TEMPOS DE ÓDIO

Amigo, prometi a você que não escreveria sobre política, mas não dá. Se eu não fizer isso, terei algo semelhante a ‘congestão intestinal’ e necessitaria urgentemente de um laxante. Então, descumprindo a promessa, vou escorregando tela abaixo. Se puder me acompanhar...

O Brasil está em "festa", o amigo sabe, e essa festa não é do pobre, mas da grã-finagem. As ‘multidões ululantes’, que pedem a saída de Dilma e a prisão de Lula, operam pela volta da oligarquia paulista ao poder. Desde Getúlio Vargas, em 1930, nunca mais um paulista foi presidente (FHC é carioca). O movimento de 1932, denominado Revolução Constitucionalista, é caso único no mundo. A academia, desde sempre hegemonicamente paulista, assim o denomina para minimizar a humilhação perante as tropas federais. Quem na luta não triunfou fez rebelião, e não revolução. Mas a “Rebelião de 32” ainda está fumegante e já aponta suas canhoneiras.

O alvo atual é Dilma, seguida de Lula; o próximo será Aécio, seguido de Marina Silva; finalmente, a batalha fratricida ente Alckmin e Serra, com a preponderância do primeiro. E assim, o caminho vai sendo aberto a “foice e facão” pela plutocracia paulista rumo ao Planalto. Enquanto isso, 99 parlamentares aguardam julgamento no STF e 500 inquéritos estão em andamento, sem pressa.

O segundo governo Dilma, que não começou, nunca vai existir. Ela perdeu o norte apoiando-se em Mercadante, que possui apenas um par de neurônios. Os movimentos sociais, seu alicerce, lhe são hostis e as Forças Armadas, o lastro do Estado de Direito, não lhe são leais. Poucos sabem, mas a Unidade Militar, que desencadeou o golpe de 1964, denomina-se “Brigada 31 de Março” – uma afronta à ordem estabelecida com a redemocratização. Também, com um inepto Aldo Rebelo no Ministério da Defesa...

Queixo-me da ingratidão do povo em relação ao PT, pois nos últimos 13 anos, uma verdadeira revolução social aconteceu no país. Cerca de um milhão de jovens fazem faculdade de graça; a metade das vagas nas universidades federais é reservada a alunos de escolas públicas; 50 milhões de brasileiros deixaram a miséria; a parcela da população com nível universitário já é de quase 30%, sendo que antes não chegava a 10%; o poder real do salário mínimo mais que dobrou; o índice de desemprego, embora alto, não chega a 10% – muito abaixo de países europeus como Grécia, Portugal e Espanha; tem o Minha Casa, Minha Vida e tem mais.

A Lava-Jato, não lava tudo. Apurou-se que um empreiteiro investigado não delataria tucanos por uma razão: eles serão os próximos inquilinos do Planalto; um humilde capoteiro, intimado por engano pelo tiranete de Curitiba, foi dispensado sem pedido de desculpas. Ao sair, ouviu gargalhadas do juiz e do procurador, seu inquiridor; os promotores paulistas, que fustigam Lula, não tiveram o mesmo rigor com o deputado Barros Munhoz, aliado de Alckmin, cujos crimes caducaram no TJ-SP; juízes e procuradores têm salários acima de 200 mil reais e pressionam o Congresso para que adiem votação de projeto de lei para impor limites (Painel da Folha – 28/02).

Ando meio sorumbático, não tenho assistido ao noticiário, pouco leio e nem me animo a telefonar para amigos. E nessa letargia, vou tocando a vida, cada vez mais desacorçoado com as desditas do dia a dia. Quero assistir às missas na TV, mas tem o dom Darci, de Aparecida, convocando o povo a matar a “Jararaca”, que atende por Lula. No Ano da Misericórdia, um pastor da Igreja Católica pregando o ódio!

FILIPE


Um comentário:

  1. NOTA: Sobre a centenária abstinência dos paulistas na Presidência da República, este blogueiro afirma não preferir mineiros nem preterir paulistas. Até por que sempre quis votar no paulista Eduardo Suplicy para presidente: homem íntegro, dele nunca se disse ser corrupto nem conivente com falcatruas.

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