sexta-feira, 2 de setembro de 2016

ELES VENCERAM

Já fui repreendido mais de uma vez por ‘politicar’ este espaço, mas não me emendo e cá estou novamente a resmungar. Peço desculpas aos amigos que me aturam, porque a amizade deve estar muito acima da ideologia, da consanguinidade e de qualquer credo ou rabugice. “Quem encontra um amigo, encontra um tesouro”, diz o Eclesiástico. Eu tenho alguns amigos, poucos, mas o suficiente para minha despesa, que não é das maiores. Há quem tenha muitos amigos, talvez centenas deles – ou “um milhão”, como pretendia Roberto Carlos, que não é amigo de ninguém. Inimigos não tenho, penso eu, mas vai saber... Já Dilma Vanda Rousseff tem inimigos em número e importância muito maiores do que os que eventualmente eu tenha. Mas Dilma encontrou seu ‘tesouro’ na figura de Kátia Abreu, que lhe “garante forte proteção”, conforme afirma o mesmo Eclesiástico. Precisamos aprender com Dilma e Kátia o significado disso!

Não quero falar sobre as causas do impeachment e, no momento, pouco me importam os seus porquês. Não sei se os Estados Unidos tramaram; se a Quarta Frota está ou não de prontidão; nem se o nosso petróleo, nossos aquíferos e o nióbio sejam a razão para isso. Não me importa o provável fim dos acordos comerciais Brasil-China, a implosão do Mercosul nem a explosão do BRICS. Nada disso me interessa, porque em geopolítica sou um ignorante bastante esforçado. Sei que o nióbio é fundamental na metalurgia moderna, que ligas de nióbio formam esqueletos de navios e de naves espaciais, que 98% desse minério está em solo brasileiro, que os americanos importam 80% do que usam e que três quartos de todo o nióbio do planeta está em Minas – como sempre, as Gerais!

Também não quero falar sobre os governos anteriores aos de Dilma-Lula. Nos estertores da era tucana, após as privatizações, FHC apagou luzes de ruas e avenidas devido ao colapso na geração de energia elétrica. Naquela época, ninguém pôde construir casas, porque não havia autorização para novos padrões de rede elétrica nas residências. Um parêntese: não havia seca!

Acabei falando de FHC e foi sem querer. Confesso, envergonhado, que, por alguma razão recôndita, gosto de ler FHC. Ler – não ouvir, entendido? Mas não leio nem ouço seus pares. Tenho asco de Serra e Aécio, mas faço uma defesa do “mineiro de Ipanema”: derrotado nas urnas, teve todo direito de contestar, espernear, pegar pirraça e até rolar no chão contra o resultado das eleições. É do jogo isso. Já o Serra é sórdido, porém não traiu. Este é como o escorpião: todos sabem que é peçonhento e que não se deve ter contato com ele. Só mesmo uma taça de vinho nas mãos da Kátia Abreu para pô-lo no devido lugar.

Não quero falar do usurpador, o maçom traíra, covarde, cujo nome me recuso a escrever. Esse, sim, se houvesse paredón e me fossem dados poderes, ainda que pequeninos... Deixa disso, !

O segundo governo Dilma degringolou não por inépcia, conforme acusam. Nosso presidencialismo é de coalizão: o Executivo governa em parceria com o Legislativo, mas houve sabotagem do Parlamento com as chamadas pautas-bombas do “correntista suíço”, que atende pelo nome de Eduardo Cunha. E assim, o País travou de vez, resultando no inacreditável: uma senhora honesta foi julgada e defenestrada da presidência por figuras desprezíveis. Nenhum algoz conseguiu apontar didática e categoricamente o crime de Dilma. Agora, “livre dos petralhas”, o País está pronto para implementar um “audacioso projeto” inverso ao de JK: retroceder “cinquenta anos em (menos de) cinco”.

Parodiando Machado de Assis: “Ao vencedor, as baratas!”,  porque desta vez fomos vencidos.


FILIPE

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