Já fui repreendido mais de uma
vez por ‘politicar’ este espaço, mas não me emendo e cá estou novamente a
resmungar. Peço desculpas aos amigos que me aturam, porque a amizade deve estar
muito acima da ideologia, da consanguinidade e de qualquer credo ou rabugice.
“Quem encontra um amigo, encontra um tesouro”, diz o Eclesiástico. Eu tenho
alguns amigos, poucos, mas o suficiente para minha despesa, que não é das
maiores. Há quem tenha muitos amigos, talvez centenas deles – ou “um milhão”, como
pretendia Roberto Carlos, que não é amigo de ninguém. Inimigos não tenho, penso
eu, mas vai saber... Já Dilma Vanda Rousseff tem inimigos em número e importância
muito maiores do que os que eventualmente eu tenha. Mas Dilma encontrou seu
‘tesouro’ na figura de Kátia Abreu, que lhe “garante forte proteção”, conforme
afirma o mesmo Eclesiástico. Precisamos aprender com Dilma e Kátia o
significado disso!
Não quero falar sobre as causas
do impeachment e, no momento, pouco me importam os seus porquês. Não sei se os Estados
Unidos tramaram; se a Quarta Frota está ou não de prontidão; nem se o nosso
petróleo, nossos aquíferos e o nióbio sejam a razão para isso. Não me importa o
provável fim dos acordos comerciais Brasil-China, a implosão do Mercosul nem a
explosão do BRICS. Nada disso me interessa, porque em geopolítica sou um ignorante
bastante esforçado. Sei que o nióbio é fundamental na metalurgia moderna, que
ligas de nióbio formam esqueletos de navios e de naves espaciais, que 98% desse
minério está em solo brasileiro, que os americanos importam 80% do que usam e
que três quartos de todo o nióbio do planeta está em Minas – como sempre, as
Gerais!
Também não quero falar sobre os
governos anteriores aos de Dilma-Lula. Nos estertores da era tucana, após as
privatizações, FHC apagou luzes de ruas e avenidas devido ao colapso na geração
de energia elétrica. Naquela época, ninguém pôde construir casas, porque não
havia autorização para novos padrões de rede elétrica nas residências. Um
parêntese: não havia seca!
Acabei falando de FHC e foi sem querer.
Confesso, envergonhado, que, por alguma razão recôndita, gosto de ler FHC. Ler
– não ouvir, entendido? Mas não leio nem ouço seus pares. Tenho asco de Serra e
Aécio, mas faço uma defesa do “mineiro de Ipanema”: derrotado nas urnas, teve
todo direito de contestar, espernear, pegar pirraça e até rolar no chão contra
o resultado das eleições. É do jogo isso. Já o Serra é sórdido, porém não
traiu. Este é como o escorpião: todos sabem que é peçonhento e que não se deve ter
contato com ele. Só mesmo uma taça de vinho nas mãos da Kátia Abreu para pô-lo
no devido lugar.
Não quero falar do usurpador, o
maçom traíra, covarde, cujo nome me recuso a escrever. Esse, sim, se houvesse paredón e me fossem dados poderes, ainda
que pequeninos... Deixa disso, Fê!
O segundo governo Dilma degringolou
não por inépcia, conforme acusam. Nosso presidencialismo é de coalizão: o
Executivo governa em parceria com o Legislativo, mas houve sabotagem do
Parlamento com as chamadas pautas-bombas do “correntista suíço”, que atende
pelo nome de Eduardo Cunha. E assim, o País travou de vez, resultando no
inacreditável: uma senhora honesta foi julgada e defenestrada da presidência por
figuras desprezíveis. Nenhum algoz conseguiu apontar didática e categoricamente
o crime de Dilma. Agora, “livre dos petralhas”,
o País está pronto para implementar um “audacioso projeto” inverso ao de JK: retroceder
“cinquenta anos em (menos de) cinco”.
Parodiando Machado de Assis: “Ao
vencedor, as baratas!”, porque desta vez
fomos vencidos.
FILIPE
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