sexta-feira, 12 de abril de 2019

A CONVERSÃO DO CORAÇÃO


Pulicado no jornal ‘A Tribuna de Amparo’, edição de hoje.

Nas homilias proferidas pelos sacerdotes, sobretudo na Quaresma e mais particularmente quando se aproxima a Festa da Páscoa, é comum a exortação para a “conversão do coração”. Para que os cristãos católicos possam participar mais dignamente do Tríduo Pascal, faz-se necessária uma mudança de atitude, um ‘voltar-se para Deus’ – ensina-se.

Mas o que é essa ‘conversão do coração’, esse ‘voltar-se para Deus’? Essas palavras podem perder significado quando sou indiferente ao sofrimento de meu próximo. Um ‘coração convertido’ tem que ser benevolente, generoso, paciente e compassivo. É preciso olhar com mais carinho as pessoas que nos cercam: um colega de trabalho, um colaborador, um benfeitor, um vizinho ou o empacotador do supermercado. Reconhecer que, embora tenhamos sempre vontade de acertar, mas limitados que somos, erramos. Mas, cuidado: a soberba costuma vir travestida de impaciência! A “um coração convertido” não se permite a reprimenda pública a um irmão em erro. A correção fraterna, que todos somos obrigados a praticar, deve ser discreta e feita segundo critérios cristãos. Já o corretivo como espetáculo é típico dos pagãos.

A ‘conversão do coração’ é sempre uma proposta da Campanha da Fraternidade, e neste ano tem como tema “Fraternidade e Políticas Públicas”. Espera-se que, com isso, nossa Diocese se engaje mais nas questões sociais. Temos em nossa cidade um contingente crescente de moradores de rua e seria oportuna a criação de uma pastoral para dar assistência espiritual e alguma dignidade a esses irmãos deserdados, cobrando das autoridades as tais ‘políticas públicas’. Uma missa campal com os ‘moradores de rua’ seria um bom ponto de partida, porque ‘os preteridos da sociedade são os preferidos do Reino’.

O Papa Francisco e a CNBB conclamam os fiéis a nunca se omitirem diante dos flagelos sociais. Prega o Bom Papa, que a ‘Igreja deve ‘sair da sacristia e pisar a lama das periferias existenciais’. Então é preciso descer do “Monte Tabor” e amassar o barro na planície, onde está o povo que sofre e espera. Mas os pronunciamentos pontificais nem sempre reverberam em nossos “inconvertidos” púlpitos, infelizmente.

FILIPE

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