Pulicado no jornal ‘A
Tribuna de Amparo’, edição de hoje.
Nas homilias proferidas pelos
sacerdotes, sobretudo na Quaresma e mais particularmente quando se aproxima a
Festa da Páscoa, é comum a exortação para a “conversão do coração”. Para que os
cristãos católicos possam participar mais dignamente do Tríduo Pascal, faz-se
necessária uma mudança de atitude, um ‘voltar-se para Deus’ – ensina-se.
Mas o que é essa ‘conversão do
coração’, esse ‘voltar-se para Deus’? Essas palavras podem perder significado quando
sou indiferente ao sofrimento de meu próximo. Um ‘coração convertido’ tem que
ser benevolente, generoso, paciente e compassivo. É preciso olhar com mais carinho
as pessoas que nos cercam: um colega de trabalho, um colaborador, um benfeitor,
um vizinho ou o empacotador do supermercado. Reconhecer que, embora tenhamos
sempre vontade de acertar, mas limitados que somos, erramos. Mas, cuidado: a
soberba costuma vir travestida de impaciência! A “um coração convertido” não se
permite a reprimenda pública a um irmão em erro. A correção fraterna, que todos
somos obrigados a praticar, deve ser discreta e feita segundo critérios
cristãos. Já o corretivo como espetáculo é típico dos pagãos.
A ‘conversão do coração’ é sempre
uma proposta da Campanha da Fraternidade, e neste ano tem como tema “Fraternidade
e Políticas Públicas”. Espera-se que, com isso, nossa Diocese se engaje mais
nas questões sociais. Temos em nossa cidade um contingente crescente de
moradores de rua e seria oportuna a criação de uma pastoral para dar
assistência espiritual e alguma dignidade a esses irmãos deserdados, cobrando
das autoridades as tais ‘políticas públicas’. Uma missa campal com os
‘moradores de rua’ seria um bom ponto de partida, porque ‘os preteridos da
sociedade são os preferidos do Reino’.
O Papa Francisco e a CNBB conclamam
os fiéis a nunca se omitirem diante dos flagelos sociais. Prega o Bom Papa, que
a ‘Igreja deve ‘sair da sacristia e pisar a lama das periferias existenciais’.
Então é preciso descer do “Monte Tabor” e amassar o barro na planície, onde está
o povo que sofre e espera. Mas os pronunciamentos pontificais nem sempre
reverberam em nossos “inconvertidos” púlpitos, infelizmente.
FILIPE
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