“Bom dia a todas e a todos!” (que
lindo!). Agora é assim que alguns pedagogos moderninhos, os tais especialistas
em educação, se dirigem ao manso rebanho – nós professores. E ao final da parlação costuma haver ainda o
indefectível “beijo no coração” (que dor!).
Deu para perceber que neste texto
não serei indulgente com determinados atores da educação, mas prometo ser
breve. Aqui estou criticando a “ditadura pedagógica” que oprime professores há décadas
e quero provar no final desta crônica a desnecessidade de determinados saberes.
Mas não vou atacar o patriarca Paulo Freire, a quem todo professor minimamente
informado deve reverenciar.
Desde tempos muito antigos, nutro
certa birra com a pedagogia. Pernósticos, alguns pedagogos gostam de usar
expressões impactantes como ‘resiliência’ (a vedete do momento),
‘ressignificação’, ‘empoderamento’,
‘superação’, ‘protagonismo’ (juvenil e sênior), ‘mediação tecnológica’, ‘fase
de letramento’, ‘aluno aprendente’, ‘aluno
alfabético’, ‘espaço formativo’, ‘construção
do conhecimento’ – este já fora de catálogo. E se algo não está funcionando a
contento, um pedagogo que se preze dá logo o diagnóstico e envia a receita. Mas
poucos são aqueles que tratam com carinho e respeito a Língua Pátria. Outro
dia, uma especialista gastou meia hora para explicar a diferença entre
‘persuasão’ e ‘convencimento’ sem, contudo, convencer ou persuadir alguém. Por
isso, parto da premissa de que um bom professor precisa ter conhecimento e bom
senso; o resto é blablablá. Até porque grandes nomes da educação não eram
pedagogos, mas advogados, engenheiros, escritores, poetas.
Fechamos esta semana fazendo o
quê?... Ouvindo intermináveis e maçantes videoconferências de manhã e à tarde.
Isso porque a Secretaria da Educação decidiu fazer replanejamento e determinou
que não enviássemos atividades aos alunos durante a semana – um absurdo! Na
contramão, mandei exercícios, mas fui impiedosamente ignorado pelos meus.
É claro que filhos e netos desses
gestores não estudam em escola pública. Caso estudassem, eles não agiriam tão
irresponsavelmente. Na cúpula da Secretaria da Educação de SP, eu pesquisei, tem
advogado, economista, administrador e até pedagoga! Exceto esta, os demais
nunca entraram numa escola pública para trabalhar. Esperar o quê, dessa
gente?...
Explico agora por que é inútil a
pedagogia dos escribas. Há anos, fiz uma prova que continha uma redação partindo
de uma frase de “C. Vasconcellos”. Eu
teria que desenvolver todo o texto em cima do pensamento dessa pessoa, que eu ignorava,
não sabendo se era homem ou mulher. Então
comecei: “Segundo Vasconcelos, (...)”. E assim escrevi pelo menos as
obrigatórias trinta linhas, percorrendo às cegas um caminho tortuoso. Contudo,
tive êxito e a nota da redação foi determinante para a minha aprovação. Depois,
só por curiosidade, descobri que o misterioso personagem que me tirou a paz e
me deu a vitória é Celso dos Santos Vasconcellos – um dos papas da moderna pedagogia.
Precisa dizer mais alguma coisa?...
FILIPE
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