“Só tem uma utilidade o pobre neste país: votar. É título de eleitor na
mão e diploma de burro no bolso.”
A frase acima foi dita pelo então
deputado federal Jair Bolsonaro na Tribuna da Câmara em novembro de 2013. E tem
mais. No ano de 2000 ele foi ‘o único parlamentar’, dentre os 513 deputados
federais, a votar contra o ‘Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza’, projeto
do governo de Fernando Henrique Cardoso. Todas essas informações são do
jornalista Bernardo Mello Franco em ‘Conversa de Política’, um podcast da CBN.
Escrevo este texto pensando em
alguns professores bem específicos. Sabendo que esses “professores” pouco ou
nada leem, e muito menos leriam este humilde blog, reservo-lhes apenas o último
parágrafo, que já é uma significativa honraria para alguém tão insignificante.
Desanimado, quase desisti da
ideia de atualizar este blog. Aliás, após doze anos publicando regularmente, tenho
pensado na hipótese de parar. Não sei mais o que pensar nem escrever sobre o
abismo em que nos encontramos. Estamos no fundo do poço e há muita gente
cavando para que possamos descer ainda mais. Assunto não me falta, mas escassa
é minha inspiração de prosador. Ainda assim, de improviso em improviso, tenho
marcado ponto quinzenalmente neste espaço. E o assunto desta vez não poderia
ser outro: eleições!
Velho que sou, ansiava por um
outono de vida mais sereno, com menos sobressaltos. Não estava no meu horizonte
a turbulência pela qual passamos, a de ter no poder um degenerado moral, que poderá
ficar por outros ‘infinitos’ quatro anos. Ou mais! No entanto, depois de tudo o
que foi revelado sobre os métodos e ações desse ser desprezível – sabemos ser um
homem comprovadamente devasso e que fomenta a violência, a destruição do meio ambiente,
a corrosão das instituições, a cizânia –, como posso entender que quase metade
dos brasileiros ainda possa defendê-lo?...
Não quero, de forma alguma, condenar as pessoas que, por alguma razão ou
desinformação, possam apoiá-lo. Mas não consigo entender como gente supostamente
esclarecida e religiosa replique o mantra bolsonarista que associa um ‘projeto diabólico
de poder’ a Deus.
Todavia, escrevo com certo
cuidado para não ofender pessoas simples, que votam sem muita convicção, muitas
vezes cooptadas por amigos, padres, pastores, familiares ou, pior, pressionadas
por patrões. Mas não quero poupar neste texto as classes média e alta. Fico angustiado
ao saber que pessoas com alta escolaridade possam apoiar um apologista da
ditadura, e que tem como ídolo Brilhante Ustra, um torturador do regime
militar. Não dá. Há muitos “doutores”, padres e pastores além de pequenos,
médios e grandes empresários, que entregam a alma a esse capiroto. É muita maldade.
Essa gente sabe o que faz e por que faz.
Agora eu me dirijo àqueles
professores que ainda apoiam o usurpador. Será que não perceberam que nossas
liberdades estão em xeque? Nunca passamos por momentos tão traumáticos, com tanta
violência e políticos desafiando publicamente magistrados. Ainda hoje a
imprensa trouxe um vídeo em que Roberto Jefferson, presidente do PTB e cabo
eleitoral do presidente-candidato, aparece aos gritos xingando Carmen Lúcia, ministra
do STF. Para poupar o leitor, não transcrevo as palavras do “excrementíssimo”, mas não consigo poupar
de críticas professores bolsonaristas. Que asco!
FILIPE