Assistindo à
Santa Missa presidida pelo senhor, percebi alguns deslizes em sua homilia. Vou abordá-los
sob meu ponto de vista e me abro para suas possíveis considerações.
1º - Teologia da Libertação: Não é verdade o que o senhor disse
sobre esse movimento na Igreja. A T.L. surgiu no final dos anos setenta
como um necessário tempero à teologia vigente. E como tempero ela sobrevive no
seio da Igreja. Ainda: sendo tempero, a T.L.
jamais poderia ser a essência, pois não se pode alimentar-se exclusivamente de sal.
2º - Pobres versus ricos:
O senhor disse que o rico se fez pelo trabalho - alguém que batalhou etc. E
disse que o pobre é aquele que segue à Igreja, ou algo assim; que todos
naquela assembleia eram pobres; que o dinheiro é bom e necessário e ninguém
vive sem ele; que há pobres morando em barracos inabitáveis, mas com tevê de
última geração e parabólicas; que a Igreja não pode fazer discurso contra a
riqueza; que as comunidades primitivas entregaram seus bens aos apóstolos e
ficaram na miséria; [...]. Nesse particular o senhor revela um tremendo
preconceito contra os pobres e desconhecimento da História da Igreja sobre os
Primeiros Cristãos. Quanto aos favelados, o senhor conversou com eles para saber
do que vivem, quais são suas prioridades, quantas são as passagens pela
polícia, ou há quanto tempo são foragidos da Justiça? Investigou a respeito
disso? E se são pessoas sérias, honestas, trabalhadoras, que preferem uma tevê
LCD a uma porta de vidro? Elas não podem fazer sua escolha? Essas pessoas, da
tevê de última geração e barraco aos pedaços, podem ser dizimistas fiéis ou até
catequistas na comunidade. E aí, como ficamos?
3º - Bolsa Família: Esta parte doeu. Entendo que quem critica o
programa B.F. é ignorante ou fascista. Como não considero o senhor ignorante
nem fascista, fico sem palavras. Só gostaria de dizer que nossa sociedade,
hipócrita que só, bate no B.F., pois os miseráveis já podem comprar
o seu arroz com feijão para se alimentar, não dependendo mais dos caprichos de
escravocratas. Quem é mais velho e conserva alguma memória deve lembrar-se dos
tempos de fome no País. Famílias e mais famílias não tinham o que comer, mas graças
a Deus isso passou. Saiba o senhor, que
ninguém sobrevive exclusivamente do B.F., pois seu valor é pequeno; uma ajuda
somente, mas necessária.
Gostaria que o nosso querido Sr. P. refletisse sobre estas questões podendo, inclusive, debatê-las. Acredito que seja um dedicado missionário, que entrega sua vida à Igreja, e que este seja apenas um infeliz discurso com involuntário viés ideológico. Mas que pode ter comprometido sua homilia, despertando ou estimulando a hostilidade social contra os assistidos pelo Estado através do “Bolsa Família”.
Gostaria que o nosso querido Sr. P. refletisse sobre estas questões podendo, inclusive, debatê-las. Acredito que seja um dedicado missionário, que entrega sua vida à Igreja, e que este seja apenas um infeliz discurso com involuntário viés ideológico. Mas que pode ter comprometido sua homilia, despertando ou estimulando a hostilidade social contra os assistidos pelo Estado através do “Bolsa Família”.
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Entreguei esta carta assinada e com endereço
na coleta do Ofertório. Aqui preservo o nome do sacerdote, a quem chamo de P.. Posso estar errado, mas não suporto arroubos
nazifascistas, não importando se de ateus ou religiosos. Haverá de minha parte
a contrapartida. Sempre. Acrescento, porém, que fui merecidamente ignorado.
FILIPE
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