sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O QUE PENSAS?


Caso tu queiras me acompanhar nestas linhas, já vou avisando: o assunto de hoje é inglório. Falarei de política e sem floreios poéticos. Portanto, não te aborreces, raro leitor. Vai para o “feice”, aquela avenida iluminada, e me deixa só, na escuridão deste beco.

De uns tempos para cá, preocupam-me os (maus) ventos que sopram na política nacional. Tenho lido vários depoimentos que servem de reflexão para os mais jovens – ou gente antiga com algum problema de memória. São de pessoas que, contando suas experiências, defendem apaixonadamente o atual governo devido aos avanços sociais nesta última década, mas que estão temerosas. Eu não chego a tanto, pois sou propenso a criticar governos: seja este, os anteriores ou futuros – fruto de meu modo ranzinza de enxergar as coisas. Mania de velho.

Os ventos, porém, prenunciam tempestades que ameaçam vir inexoravelmente. O PSDB, que tenta suceder a coligação capitaneada pelo PT, não é um paladino da democracia nem da decência administrativa. Os tucanos são bons de bico, mas não aceitam contestações. Como professor do estado de SP, há mais de vinte anos, posso dar provas disso. Aos fatos:

Durante uma assembleia do magistério no vão-livre do Masp, a polícia de Mário Covas jogou bombas na multidão que ali se aglomerava. Balas de borrachas foram disparadas e muitos professores se feriram. E olhe que não havia baderna. O movimento era pacífico, sem quebradeiras, bem diferente das manifestações de junho de 2013. Eu estava lá.

Noutra mobilização da categoria, já no governo José Serra, os ônibus que partiam do interior para a capital levando professores eram sistematicamente parados pela polícia para “vistoria”. Muitos daqueles coletivos tiveram que retornar, não podendo chegar até a capital. Havia sempre um “pneu careca” ou algo semelhante. Meu ônibus foi “vistoriado”.

Nos tempos em que as escolas já tinham ao menos uma tevê com parabólica, que jamais funcionou, eis que um desses iluminados, não sei se Alckmin ou Serra, resolveu acrescentar mais tevês: uns caixotes imensos, pesadíssimos, que nem tinha como serem instalados, chegavam. Numa escola em que trabalhei havia quatro daquelas “jubartes” sobre uma mesa, literalmente encalhadas. O diretor não sabia o que fazer com aqueles trambolhões, visto que o mercado já dispunha das levíssimas LCD. Dá pra desconfiar, ou ainda não?...

Nestes últimos vinte anos de mandonismo tucano no estado de SP, a educação despencou, a violência cresceu, a saúde está coma e falta água.  Vários especialistas apontam incúria do governo paulista na gestão de recursos hídricos. Segundo estes, a Sabesp é uma empresa preocupada apenas em beneficiar acionistas e que nos últimos anos alguns bilhões de reais foram lucrados e distribuídos aos sócios. É o hidronegócio, entende?!

O governador de SP, recém-re-re-reeleito, foi vitorioso em 644 dos 645 municípios paulistas, perdendo apenas em Hortolândia. Um desempenho de fazer inveja em “divindades” como Bashar Al-Assad, “rei” da Síria e Vladmir Putin, “czar” da Rússia. Mesmo sem segurança, saúde, educação e água, o “imperador” bandeirante consegue se reeleger folgadamente no primeiro turno. Isso é que é aparelhamento do Estado. Imagina essa turma em Brasília!

Por essas e outras é que fico com dona Dilma. Dela pode-se se dizer que é tosca, feia, gorda..., mas é honesta. Nunca se publicou uma única frase em que é acusada de ser ladra ou vadia. E ainda governa para os pobres! Se a classe alta prefere o playboy, é porque essa guerreira não a beneficia. O que pensas tu?


FILIPE

5 comentários:

  1. O povo realmente não entende o que cabe a cada poder. Estava em Campinas no curso MBA, onde os cursistas são diretores de escola e ouvi essa pérola: - Nossa a violência está brava, invadiram todas as casas de minha rua para roubar. Falei nossa eu não entendo como o governador pode estar na frente com toda essa situação. Resposta: mas que culpa ele tem, são essas famílias.......Sem comentário...

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  2. O que é esse Aécio agredindo a Dilma??? Imagine na presidência...o que não faria? Deus nos livre!!!

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  3. Falo aqui em casa que estou feliz com o governo Dilma. Gosto de estar rodeada pelos pobres, que prefiro chamar pessoas em vulnerabilidade social. Não vejo um destes sequer, ofendendo o governo de Dilma. Agora, vários amigos que fiz durante anos de trabalho na saúde, os de classe média, vivem jogando pedras em nossa presidente. Daí sim, vejo que Lula e Dilma governam para os pobres.

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  4. Depois de tantas manifestações, nem acredito que o Governador se elegeu com recorde de votos.

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  5. Guilherme Biotto, por e-mail:


    Pois é, Filipe. Na obra Cultura e democracia, de Marilena Chauí, ela apresenta três ideias que constituem o conceito de democracia: conflito, abertura e rotatividade. Em uma sociedade democrática, divergir é inevitável. Porém, a divergência deve ter um espaço de circulação, ou seja, deve ser informada. Sabemos que um povo instruído é um povo mais crítico. O grande problema são os meios em que circulam estas informações. Meios tendenciosos e oportunistas que privilegiam somente um lado da moeda. Segundo uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o Jornal Nacional exibiu 82 minutos de reportagens contrárias ao governo Dilma em 2014, sendo apenas 3 minutos, matérias consideradas favoráveis. Infelizmente, em relação ao governo PSDB, pouco se ouviu falar. Como Norberto Bobbio, em sua obra Teoria geral da política escreveu, “[...] quem exerce o poder sente-se mais seguro de obter os efeitos desejados quanto mais se torna invisível àqueles aos quais pretende dominar”. Por isso, Alckmin venceu esmagadoramente estas eleições. Venceu graças à mídia que o blindou durante estes quatro anos de mandato. Ainda tem gente com coragem de afirmar que o PT é sujo e mesquinho em sua campanha. Suja e mesquinha é a imparcialidade da mídia.

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