sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A ESCOLA É PARA...

Recentemente a Folha de São Paulo trouxe um artigo intitulado “Reprovados em Matemática”. Apoiado numa pesquisa com público acima de 25 anos, feita em várias cidades do país e realizada por um importante instituto, o texto, assinado pelo professor gaúcho Flávio Comim, despeja uma avalanche de números desconcertantes.  Segundo o autor, um terço dos entrevistados não sabe multiplicar, 75% não compreendem frações, mais de 60% não sabem lidar com porcentagem e mais da metade não consegue fazer um bolo. Isso mesmo, 59% dos entrevistados não sabem trabalhar com uma receita de bolo, quando é preciso reduzir ou aumentar proporcionalmente seus ingredientes. Os números continuam, mas eu paro por aqui para não agastar o esquivo leitor.

O artigo do professor Comim desperta os brios de quem lida com ensino, particularmente dos professores de Matemática. Mas o problema é muito mais complexo do que se supõe. As políticas educacionais – notadamente do estado de São Paulo com a implementação da “progressão continuada” – que já eram desanimadoras, tendem a piorar. O Conselho Estadual de Educação (CEE-SP) acaba de determinar que universidades destinem 30% da grade curricular de seus cursos de licenciatura a “aulas práticas”, pois os “çábios” afirmam que aqueles cursos formam especialistas que não sabem ensinar.

 Mas, é importante ressaltar, as tais “aulas práticas” não passam de uma “metáfora do mal”. Explico. Paralelamente às matérias específicas de um curso de licenciatura, ensinam-se teorias educacionais que são fruto do “trabalho de gente desocupada”, algo de pouca ou nenhuma serventia para o formando. Há várias correntes pedagógicas, obra de uns parasitas que se divertem reinventado a cada vez mais quadrada ‘roda pedagógica’ e que se dizem “educadores”. Esses “iluminados” ganham a vida dando palestras, publicando livros (que ninguém lê), assessorando os donos do poder e aporrinhando mestres.  Faz tempos que os editais de concurso para professores da rede estadual privilegiam suas teorias em detrimento dos conteúdos específicos.

Adepto dessas “inovações”, o grupo político à frente do governo paulista há mais de vinte anos não conseguiu melhorar a qualidade do ensino por estas plagas. Tentou-se de tudo: remanejaram-se alunos e professores, ainda no final do século passado; implantou-se a famigerada “aprovação automática”; adotaram-se os discutíveis “Cadernos do Aluno”, em prejuízo do excelente livro didático distribuído pelo MEC; anunciou-se a flexibilização do currículo em nível estadual, em contraponto ao currículo nacional de responsabilidade do MEC; e, neste momento, impõe-se a segunda etapa da reestruturação, visando separar estudantes por faixa etária, fechando escolas etc.

Quem está na rede há algum tempo sabe que nenhuma das mudanças implementadas pelo governo paulista nos últimos vinte anos resultaram em melhoria do ensino. A reestruturação em curso não será positiva e a mexida nas licenciaturas, uma tragédia, porque porá “analfas” no magistério. Quem leciona sabe que o professor deve ser um especialista em sua área. Sem a competência técnica desse profissional, a escola deixa de cumprir seu inalienável papel, que é o de promover o pensamento através do ensino. Ou ..., ensinar alguém a fazer bolo.

Com a palavra o professor Renato Janine Ribeiro, o mais respeitável ministro da Educação que este país já teve: “A escola existe para desasnar as pessoas”.


FILIPE

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