Já escrevi neste espaço sobre a serventia
do ‘prego’ – um dos grandes inventos da humanidade. Sem o prego, a vida dos
antigos deveria ser bem difícil. Mais complicado ainda terá sido viver sem o
‘arame’ – o primo compridão e magricela do prego. Com um prego, um pedaço de
arame e um tiquinho de inventividade, é possível fazer engenhocas formidáveis.
Penso que o homem jamais pisaria na Lua sem que se inventassem primeiro o prego
e o arame. Depois deles veio o parafuso, mas este é um sujeito sofisticado,
meio metido até. Prefiro falar de coisas mais simples e discretas.
O primeiro prego que conheci
ficava na parede do quarto de meu pai, onde ele pendurava um velho cinto de
couro vermelho. O ‘corrião do papai’, conforme a ele nos referíamos, tinha a nobre
função de lhe amarrar as calças, mas costumava ser usado também para “alguns
acertos” com os filhos mais atrevidos.
Por falar em arame, no meu tempo
de pequeno ele era bastante raro. As nossas cercas, que eram feitas de bambu,
amarrávamos com cipó-são-joão – mais resistente do que seu congênere, o cipó-tripa-de-galinha.
Hoje já não se veem nas casas rurais nenhuma cerca amarrada com cipó, arame, nem
fixada com pregos. A modernidade expulsou cipó, prego, arame... e até o
soberboso ‘parafuso de rosca soberba’.
Nostalgias à parte, preciso
exaltar outra obra-prima do engenho humano: a fita adesiva ‘Durex’ (marca
registrada, mas que escreverei em minúsculo). Gente, o que faríamos sem o durex?
Eu seria um homem triste! Tenho alguns baldes rachados, mas perfeitamente funcionais
graças ao durex. Uso durex em quase tudo porque, diferentemente do arame, ele é
suave (não me fere as mãos) e o acabamento é perfeito. O plugue do meu telefone
quebrou. Então, colei um durex e não precisei substituí-lo. O aparelho
telefônico tinha uma campainha estridente. Para regulá-la, seria preciso
procurar o manual e lê-lo – um trabalhão danado. Muito mais cômodo foi colar
uma pequena fita durex no orifício emissor e ficou tudo resolvido.
Mas cuidado! Há coisas que não se
resolvem com prego, arame nem durex. Uma roupa que se rasga, por exemplo.
Aconteceu comigo. Minha calça estava bastante velha e puída, vindo a rasgar subitamente
– sorte que em casa. Por um nada eu teria entrado na ‘moda de calça rasgada’
perante os alunos. Chegando ao portão de casa, quando fui pegar a chave no
bolso... um rasgão! Meu Deus, que perigo! E esta já foi a segunda vez que isso
me ocorre. Melhor ficar esperto. Minha mãe
sempre gostava de dizer: “Terceira vez é sinal de forca!” Nunca soube ao certo o que ela queria dizer
com isso, mas é bom ir se prevenindo, porque economia tem limites.
FILIPE
Nenhum comentário:
Postar um comentário