“Honestidade não é favor, mas
dever. Sejamos honestos em tudo!”
A frase acima foi
rodapé de uma avaliação aplicada aos meus alunos nesta semana. Há tempos, venho
insistindo na temática da ‘humildade’, ‘empenho’ e ‘honestidade’, que são
valores fundamentais da cidadania. A aprendizagem requer humildade, o
reconhecer-se ignorante num assunto. Somente assim e com muitas interrogações é
que podemos nos apossar de algum conhecimento. Mas é preciso empenho. Um
matemático, dono de uma plataforma digital que prepara legiões de jovens para
concursos e vestibulares mundo afora, disse em entrevista, que a preparação
decente de um candidato exige a resolução de ao menos dez mil exercícios. Claro
que isso varia de acordo com o sujeito. Há alunos que aprendem determinado
conteúdo em apenas uma aula; outros, no entanto, passam o ano sem saber sequer
começar, e ainda vêm com a pergunta: “Onde vou usar isso?” Resposta: “Em lugar
nenhum, porque você não aprendeu!”
Tudo bem que para
aprender é preciso doses variadas de humildade e empenho. Os gênios, que são
raros, estão quase dispensados desses atributos. Mas... e a honestidade? Ah, desta
não se prescinde. Todos temos a obrigação moral de ser honestos. Mas
honestidade não se reduz a ser ‘bom pagador’, não. Temos que ter honestidade em
outros aspectos menos visíveis de nossa vida. Posso pagar o pó de café que
peguei emprestado da vizinha, devolver a caneta ao colega, guardar e depois
devolver os óculos da dona Maria etc. Posso até entregar religiosamente o
dízimo, se religioso eu for. Contudo, talvez eu ainda não seja honesto.
Explico.
Um ‘‘cidadão de bem’’
que apoia as trapaças do ‘capiroto’, tais como: desobrigação do uso de
cadeirinhas em automóveis para
transportar crianças, armamento da população, desativação de radares nas
rodovias, desmatamento e abertura de garimpos na Amazônia, extinção de bolsas universitárias e
corte de verbas da educação etc. etc. etc., não é ‘cidadão de bem’ coisíssima
nenhuma, mas um tremendo de um (...).
Sempre que vejo imagens de um júri, quando o tribunal está repleto
de juristas, todos de ar grave, solene, ostentando valores morais e grandes
saberes – uns deles quase divinos – penso: “São honestos? Será que alguém ali colou
ou tentou colar na escola? Avançou sinal vermelho? Atropelou e fugiu? Escapou
de multa? Sonegou impostos? Sonegou direitos sociais?...” Isso me faz lembrar
um antigo conto que li na infância, em que um macaco enrolou o rabo, sentou-se
em cima e começou a zombar do rabo dos colegas. Mas, infelizmente, ali não há
macacos apenas zombando do rabo alheio.
Encontradiça em variados e nos mais inusitados lugares, a
desonestidade é praga inextinguível. No momento devido, devo registrar neste
“confessionário” alguns desses arroubos meus, dos quais sempre me penitencio.
FILIPE
Nenhum comentário:
Postar um comentário