sexta-feira, 27 de setembro de 2019

NOTÍCIAS ESCOLARES


Ao som de “Música Antiga”, um belíssimo programa produzido pela Rádio MEC que o ‘coiso’ pretende fechar, deixo o jornal e começo a dedilhar o teclado do notebook em busca de algo para a postagem de hoje. Na Folha de S. Paulo, uma matéria sob um bem-sucedido programa de alfabetização de adultos me chamou a atenção. Há 45 anos o Colégio Santa Cruz, um dos mais tradicionais do país, oferece gratuitamente aulas, transporte e lanches a um público carente e cada vez mais crescente. Por outro lado, nas escolas oficiais, que são mantidas pelo Estado, o antigo supletivo está deixando de existir por falta de alunos.

Noutro recorte de jornal, este do início da semana, uma notícia trágica: “Professor é esfaqueado por aluno dentro de escola na Grande São Paulo”. Lendo a matéria, soube que o professor dá aulas de geografia, tem 55 anos e estaria em estado grave num hospital da região. O algoz é um rapaz de 14 anos, seu aluno. Segundo a reportagem, o professor é querido, apesar de rígido; o agressor, por sua vez, é tido por estudioso, bem-comportado, um “bom moço”! Fiquei sem entender como um jovem “tão bom” pudesse ser assim tão covarde, tão atroz. Ah, o agressor feriu-se também, talvez querendo ‘empatar o jogo’, mas sem gravidade. Parece que a fúria maior seria contra o professor, porque ele apenas se arranhou com a lâmina.

Eu me vi “na pele” daquele professor. Um homem já esfolado pela vida e pelos anos, tentando realizar um trabalho cada vez mais penoso. A maioria de nossos jovens não se interessa por leitura nem pela escrita, nem por nada que não seja troca de mensagens nas redes sociais ou joguinhos eletrônicos. Mas há coisas muito tenebrosas nessas mídias que ocupam mente e espírito juvenis, e muito mais nocivas do que os inocentes jogos. Melhor não saber.

No Brasil, onde 11 milhões de pessoas com idade de 15 anos ou mais não conseguem ler sequer um bilhete simples, segundo reportagem da Folha, professores são ameaçados, agredidos e até esfaqueados pelos seus próprios alunos. Muito triste!

Acabou o programa da Rádio MEC e acho que a Rádio MEC também acabou. Sem “Música Antiga”, perdi a inspiração e encerro o texto por aqui. Sorte do eventual leitor, porque eu estaria disposto a destilar um balde fel nas linhas seguintes. Eu seria lamurioso, chato, muito além do habitual. Então vou nos poupando dessa neura.

FILIPE

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