Eu assisto a jornais, mas não deveria. A cada notícia, um arrepio de tristeza, indignação ou não sei o quê, apossa-se de mim, e corpo e espírito são aterrados. Então eu deveria me alienar de tudo, ir morar no mato, mas o mato está ficando perigoso também. As matas estão sendo incendiadas.
É fogo na Amazônia, no Pantanal, no
Cerrado e na Caatinga. E tem o fogo das armas de fogo também. Mãos assassinas
de grileiros, garimpeiros, madeireiros, milicianos. E as milícias são custeadas
pelo Estado com altos salários para que nos oprimam mais eficazmente.
Nosso país nunca foi tão
pisoteado por um governante, mas o povo, manso rebanho, está sempre se curvando
àquela “coisa inominável”. A cada investida contra opositores, sobretudo
jornalistas, a popularidade do “tranca-rua” sobe consideravelmente.
Alguém, qualquer um, que se
recusa a usar focinheira e cospe “corona” no rosto das pessoas, deveria ser
repudiado. Eu escrevi ‘focinheira’? Ah, não. Eu queria escrever ‘máscara’, pois
o sujeito em questão é um desmascarado. Por isso é impossível acreditar no que
vejo todos os dias. Gente humilde, trabalhadora e honesta, acreditando que o
“bozo” trabalha pelo Brasil. A ingenuidade dessas pessoas é tão grande, que
chega a escorrer pelas têmporas feito suor.
Aquele homem chegou ao Poder para
subverter a ordem e impor o caos. Quanto mais caos, maior a sua popularidade,
e é exatamente isso que me deixa perplexo. Ele atenta contra a ciência, a arte
e o ensino. E com sanha maligna, facilita o acesso a armas e munições, levando
a população à uma paranoia bélica como nunca visto. Com essa “coisa”, leis são
flexibilizadas ou anuladas via decreto sem que os outros poderes intervenham. E, pior, sem que o Ministério Público
denuncie o malfeitor.
Mandados de buscas e apreensões
são rotineiramente expedidos, mas contra desafetos do Planalto. Contra os
‘’bozos’’ das rachadinhas e rachadões, nada! Esses são intocáveis. Contra eles
não há ação de policiais federais, de promotores e muito menos de juízes. Espero que militares honrados, não milicos,
percebam que no chefe não se confia, e se mexam.
Diariamente, com essa pandemia
ainda se contam mortes às centenas, e os contaminados são muitos milhares. Mas
outra pandemia já nos acomete: o desemprego e a carestia. O Brasil do
agronegócio, que dizem ser o celeiro do mundo, não garante arroz e feijão na
panela do povo a preço justo, e grande contingente de pessoas está desempregada,
sobrevivendo com auxílio emergencial.
Ano que vem tudo muda e penso que
deve haver efervescência social. Mas antes da fervura que se avizinha, fica uma
pergunta: por que pessoas boas podem gostar de gente tão má?...
FILIPE
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