Ninguém me pediu opinião sobre a guerra que acontece lá pelas bandas da Europa. Se nada me foi perguntado é por que todos já dominam o assunto, ou por que minha opinião não tem valor algum. Ainda assim, ouso expressar meu ponto de vista sobre a insanidade que ocorre naquelas paragens.
O que mais impressiona é que os
atores políticos querem tirar proveito da desgraceira que cai sobre os
ucranianos. Muitos fazem projeções eleitorais em cima dos cadáveres produzidos
por essa guerra bestial. Também no Brasil a esquerda disputa com a direita o
butim da guerra. Por aqui há aqueles que se digladiam pela Rússia, e os que se
matam pela Otan – todos uns boçais.
Vejo essa questão mais ou menos
assim. Não conheço o Rio de Janeiro, mas sei que lá há bairros disputados por
milicianos e traficantes. Um parêntese: é preciso dizer que milicianos e
traficantes são feitos do mesmo “pó”.
Deixando “aquele pó” de lado e supondo
que o solitário leitor more num bairro onde há disputa entre bandos, o razoável
é que o amigo não tome partido de gangue alguma, porque qualquer vacilada porá sua
vida e a da família em risco.
Nessa analogia, a Ucrânia seria um
bairro disputado por dois bandos, de um lado a Rússia e do outro a Otan — esta capitaneada
pelos Estados Unidos. O presidente ucraniano, que deveria ter ficado quieto no
canto dele, plantando suas roças e vendendo cereais, resolveu abanar o rabo
para a Otan e deu no que está dando. A Rússia jamais permitirá que seu quintal,
que é a Ucrânia, torne-se uma fortificação dos americanos. E os americanos, que
já estão acostumados a cantar de galo em terreiros ultramarinos, querem empoleirar
na Ucrânia.
O resultado não foi uma guerra da
Rússia, mas agressão covarde à Ucrânia, e isso pode ser explicado. Para entender
é preciso fazer umas continhas, e eu as fiz. Do ponto de vista militar dos dois
países, comparando efetivo, orçamento e arsenal, seria como uma suposta briga num
time de futebol quando o goleiro, no caso a Ucrânia, estaria enfrentado os seus
dez companheiros, a Rússia. Agora, se levar em conta o arsenal nuclear da
Rússia, a briguinha ficaria um pouco mais desigual. Nesse caso, o goleiro,
desarmado, enfrentaria seus dez adversários, cada um deles armado com uma garrucha!
Acho que fui didático, não? Então... não
dá para apoiar essa invasão, a menos que eu seja mau ou burro, ou um burro mau.
O argumento que se usa para
apoiar os russos seria o de que os americanos querem cercar a Rússia,
estabelecendo-se a poucas centenas de quilômetros de Moscou. Isso é verdade,
mas não toda a verdade. Tome como exemplo a miserável Coréia do Norte que é
inimiga visceral da opulenta Coréia do Sul. Os capitalistas do sul, com toda a
sua riqueza e apoio dos americanos, não conseguem se impor sobre seus irmãos
comunistas do norte simplesmente porque estes têm arma nuclear.
Em resumo, os interesses da
Rússia na Ucrânia são outros e essa invasão não se justifica por motivos de segurança
como afirmam alguns. Aos russos não importa onde fica o inimigo, porque seu
arsenal nuclear desencoraja qualquer ataque ao Kremlin.
FILIPE
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