sexta-feira, 6 de maio de 2022

CONVERSA COM A PITUKA

 

Estou aqui, sofrendo para atualizar o blog. Na minha companhia está a Pituka, que parece curiosa para saber o que escrevo. Viro para ela e falo que a “coisa tá preta”. Ela me olha desconfiada de que a coisa não esteja tão preta assim. Afinal não lhe falta água, ração nem carinho – e tudo isso ela tem de montão.

Não, Pituka. Você não sabe de nada. As coisas estão muito ruins, sim. Temos um sicário na Presidência, que quer dar o golpe e interromper nossa frágil democracia; muitos de nossos parlamentares são venais; alguns procuradores, não poucos, são tíbios; e os magistrados, uma boa parte deles, são ineptos.

A Pituka levantou-se, deu uma volta em torno de si, deitou novamente e bocejou.

Ah, entendi. Você até concorda que as coisas não estão bem, né Pituka?... Você sabe quem é o presidente, mas não sabe o que é ‘sicário’. Eu explico. O dicionário dá como sinônimo de sicário: assassino contratado, pistoleiro, malfeitor. Agora que a Pituka já sabe o que é sicário, acho que ela quer saber mais.

Você, Pituka, sabe que temos parlamentares, mas por que são ‘venais’? Bom, o dicionário dá como significado de ‘indivíduo venal’ aquele que se deixa subornar, quem é corrupto ou que se vende.

A Pituka, pelo jeito, continua sem entender. Eu disse que nossos procuradores são tíbios. Mas o que é ‘tíbio’? De volta ao dicionário. Ser tíbio é a mesma coisa do que ser fraco, morno, sem entusiasmo ou indolente. Mas a Pituka quer saber ainda mais. Eu disse que há juízes ineptos. Por que inepto? Bom, um indivíduo ‘inepto’ é aquele de quem se diz ser pouco inteligente, ingênuo ou estúpido.

A cadelinha achou o assunto muito chato e saiu antes de eu terminar a explicação.

Continuo, agora sem a Pituka e com um monte de dúvidas. O que será de nosso país?... Neste ano teremos ou não teremos eleições?... Havendo eleições, quem ganhar assume ou não assume?... As forças armadas (com minúsculas aqui) garantirão o funcionamento das instituições democráticas ou elas já foram cooptadas?...

Ultimamente, tenho estudado bastante História do Brasil, mais particularmente a Primeira República, que começa com Deodoro da Fonseca, em 1889, e termina com a chegada de Getúlio Vargas, em 1930. Naquele período, os ataques à democracia começavam sempre com decretação de “Estado de Sítio”, quando as garantias constitucionais são suspensas e a polícia age de forma desenfreada. E é exatamente isso que prevejo para nós em outubro. O “Inominado”, percebendo que o segundo turno lhe será desfavorável, decretará, não ‘Estado de Sítio’, mas ‘Estado de Exceção’, que é ainda mais traumático. Para tanto, ele contará com uma horda de fanáticos além de militares, parlamentares e milicianos.

É, eu estou bastante incomodado com tudo isso, mas a Pituka não está nem um pouquinho preocupada.

FILIPE


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