Estou aqui, sofrendo para atualizar
o blog. Na minha companhia está a Pituka, que parece curiosa para saber o que
escrevo. Viro para ela e falo que a “coisa
tá preta”. Ela me olha desconfiada de que a coisa não esteja tão preta
assim. Afinal não lhe falta água, ração nem carinho – e tudo isso ela tem de
montão.
Não, Pituka. Você não sabe de
nada. As coisas estão muito ruins, sim. Temos um sicário na Presidência, que
quer dar o golpe e interromper nossa frágil democracia; muitos de nossos parlamentares
são venais; alguns procuradores, não poucos, são tíbios; e os magistrados, uma boa
parte deles, são ineptos.
A Pituka levantou-se, deu uma
volta em torno de si, deitou novamente e bocejou.
Ah, entendi. Você até concorda que
as coisas não estão bem, né Pituka?... Você sabe quem é o presidente, mas não
sabe o que é ‘sicário’. Eu explico. O dicionário dá como sinônimo de sicário:
assassino contratado, pistoleiro, malfeitor. Agora que a Pituka já sabe o que é
sicário, acho que ela quer saber mais.
Você, Pituka, sabe que temos
parlamentares, mas por que são ‘venais’? Bom, o dicionário dá como significado
de ‘indivíduo venal’ aquele que se deixa subornar, quem é corrupto ou que se
vende.
A Pituka, pelo jeito, continua
sem entender. Eu disse que nossos procuradores são tíbios. Mas o que é ‘tíbio’?
De volta ao dicionário. Ser tíbio é a mesma coisa do que ser fraco, morno, sem
entusiasmo ou indolente. Mas a Pituka quer saber ainda mais. Eu disse que há
juízes ineptos. Por que inepto? Bom, um indivíduo ‘inepto’ é aquele de quem se
diz ser pouco inteligente, ingênuo ou estúpido.
A cadelinha achou o assunto muito
chato e saiu antes de eu terminar a explicação.
Continuo, agora sem a Pituka e com
um monte de dúvidas. O que será de nosso país?... Neste ano teremos ou não
teremos eleições?... Havendo eleições, quem ganhar assume ou não assume?... As
forças armadas (com minúsculas aqui) garantirão o funcionamento das
instituições democráticas ou elas já foram cooptadas?...
Ultimamente, tenho estudado
bastante História do Brasil, mais particularmente a Primeira República, que
começa com Deodoro da Fonseca, em 1889, e termina com a chegada de Getúlio
Vargas, em 1930. Naquele período, os ataques à democracia começavam sempre com
decretação de “Estado de Sítio”, quando as garantias constitucionais são
suspensas e a polícia age de forma desenfreada. E é exatamente isso que prevejo
para nós em outubro. O “Inominado”, percebendo que o segundo turno lhe será
desfavorável, decretará, não ‘Estado de Sítio’, mas ‘Estado de Exceção’, que é
ainda mais traumático. Para tanto, ele contará com uma horda de fanáticos além de
militares, parlamentares e milicianos.
É, eu estou bastante incomodado
com tudo isso, mas a Pituka não está nem um pouquinho preocupada.
FILIPE
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