Dias atrás, enquanto eu tentava
escrever sobre o natalício de meu pai, uma mensagem no WhatsApp mudou meu foco.
No canto inferior direito do computador, minha filha me perguntava se eu tinha
um tempinho para atendê-la. Claro que eu tinha e mudei a tela para as mensagens
do zap-zap, que brotavam céleres.
Há tempos, talvez um mês, eu
soube que o celular de minha filha havia quebrado, embora ele continuasse sendo
usado. Contudo, certo dia “ela” me mandou mensagem, dizendo que agora passaria
a usar outro aparelho enquanto aquele seria consertado. A partir de então, ela
se comunicaria comigo por outro número e achei razoável que isso pudesse
acontecer, não me ocorrendo que o chip poderia ter sido transferido para o novo
aparelho sem qualquer transtorno.
Bom, naquele dia interrompi a
crônica sobre o papai e passei a trocar mensagens com “minha filha”, que
precisava urgentemente pagar uma conta, mas com esse celular ela estava sem
acesso à sua conta bancária. E disse mais: tão logo o aparelho ficasse pronto,
ela me pagaria. Ah, a fatura era urgente e quente: mil quatrocentos e setenta
reais!
Como minha filha anda adoentada e
tem feito alguns procedimentos médicos, entendi que algo pudesse estar
acontecendo com suas finanças. Pedi o pix do favorecido – que me foi passado
sem demora – abri o aplicativo do banco, descarnei minha magra poupança e já ia
transferindo para o número que me foi passado. De repente, pensei: e se for
golpe?! Será que essa é a minha filha mesmo?...
Voltei ao zap e, muito desconcertado, confesso, propus um teste: “Filha, desculpas,
vou transferir o dinheiro que você precisa, mas preciso saber se é você mesma. Estou
preocupado porque uma amiga caiu num golpe (menti).” Ela respondeu com uma figurinha
que denotava algo entre surpresa e decepção. Abro parênteses para confessar
minha ignorância em redes sociais. Eu não entendo dessas figurinhas e costumo
me atrapalhar com elas, “pagando mico”. Outro dia, um amigo ficou bravo comigo
por causa de um emoji que, segundo
ele, era inapropriado. Ainda assim, continuo mandando memes, emojis, gifs e todo tipo
de figurinha, inclusive para o amigo bravão.
Voltando à “minha filha”,
perguntei: “Fale para mim o nome de seus avós, mas quero o nome de todos eles.”
Como a “minha filha” ficou em silêncio, desconfiei e mandei uma sequência interrogações.
“Calma!”, foi a resposta seguida de mais emojis
enigmáticos. Já quase certo de que eu estava sendo vítima de um golpe, fiquei
animado e emendei: “Responda logo, porque vou fazer outras perguntas. Quero ter
certeza de que você é a minha filha mesmo!”
O resto é história. A “minha filha”
que falava comigo não era a ‘minha filha’, mas uma predadora, que desapareceu
para todo o sempre.
FILIPE
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