quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

ATÉ QUANDO?

O Poder estava “dominado pela senzala corrupta’’, então o “povo do bem” movimentou-se febril, ocupando ruas e praças, batendo panelas ou o que delas sobrou de tão amassadas. E o Poder pôde, finalmente, ser recuperado por uma “legião de anjos bons”. Agora, sob o lema “Ordem e Progresso” – um “achado publicitário” de fazer inveja em Washington Olivetto – a casa-grande pôs de volta o Brasil nos ”trilhos”. O fato de o “presidente-bufão” ocupar o topo na lista da Lava Jato, com 43 citações e, numa irônica inversão de algarismos, seu homem de confiança aparecer com 34 citações é apenas um detalhe. Também é apenas detalhe o fato de o ministro da Justiça ter chupado trechos da obra jurídica de um espanhol, até porque “quem não cola não sai da escola!” Mas, cá pra nós, que coisa feia, hein?! E o cara ainda vai vestir a toga de juiz da Corte Suprema, vai julgar autoridades federais...

A ficha de serviços desse pretenso membro do STF é robusta. Quando titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo protagonizou cenas de truculência contra movimentos sociais, mas não só. Quando um hacker, metido à besta, cismou de xeretar os arquivos digitais da ‘mãe do Michelzinho’, o ‘pai do Michelzinho’ não se fez de rogado. Com a prerrogativa de vice-presidente da República acionou o governador paulista e este pôs a estrutura da Secretaria de Segurança a serviço do amigo. O então secretário mostrou-se competente, montando uma força-tarefa com cinco delegados de polícia, três peritos e vinte e cinco investigadores, e a missão foi cumprida com presteza. Em apenas seis meses, o malandreco fora laçado, julgado e condenado, cumprindo pena de cinco anos e dez meses numa gaiola de segurança máxima. Mas cá para as bandas da senzala, as coisas não funcionam tão bem assim. De cada cem homicídios, noventa e tantos não são solucionados e criminosos nem sequer são identificados. Ou seja, menos de 10% dos homicidas são condenados, e se a vítima for pobre é quase certa a impunidade.

Mas as lambanças do atual inquilino planaltino não têm destaque na grande mídia. Um exemplo disso é a retomada do desmatamento em grande escala. As motosserras estão fazendo um barulhão danado lá pelos lados do Norte onde extensas áreas amazônicas são desflorestadas a fim de abrigar o agronegócio. Desde o início da “gestão temerária” mais de mil quilômetros quadrados de mata já foi abaixo – área superior a três municípios de Guiricema, minha terra natal, ou quase setenta por cento do município de São Paulo. É, os ruralistas estão recebendo a parte do butim pelo seu “labor” em favor do impeachment. Além disso, reservas indígenas serão “repensadas” e a Floresta Amazônica deverá ser descontinuada por rodovias – uma fatalidade para a fauna, que requer grandes extensões de mata fechada e contínua.

Segundo a sabedoria árabe, “os cães ladram e a caravana passa”. Aqui, porém, “o comboio maldito segue tranquilo enquanto a matilha dorme”. Até quando?


FILIPE

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