O assunto seria outro e eu nem
sabia ao certo de que eu trataria na postagem de hoje. Estava propenso a falar
de uma tristeza profunda que me abate nestes tempos inglórios, quando nosso
horizonte tem sido cada vez mais obscurecido por alguns usurpadores – esses “seres
das trevas” ora no Poder. E além disso, sendo já quase sexagenário, descobri
que, a partir desta data, terei de trabalhar por mais ‘956 dias’ para requerer
aposentadoria. Estou triste por essas e outras coisas, que hão de passar.
Mas, terrificado pelas notícias sempre
assombrosas que brotam na tela do computador, tento espairecer, escrevendo
bobagens neste blog. E assim aconteceu há duas quinzenas, quando publiquei o
texto “Na Sala dos Professores” – uma crônica bem-humorada, mas que despertou
inesperada fúria em alguns colegas de trabalho.
Talvez não venha ao caso, mas preciso
explicar aos meus “algozes” que ‘crônica’ é algo bem diferente de ‘artigo de
opinião’ ou ‘reportagem’. Por tempos considerada um gênero literário menor, de
pouco prestígio, foi Rubem Braga quem deu à crônica certa nobreza. Nela, o
autor não tem compromisso com a veracidade dos fatos e sua narrativa é livre, quase
sempre satírica, irônica e vem lambuzada de humor. Ah, mas é preciso ter senso
de humor e alguma argúcia para entrar no ‘clima’. Não tendo uma coisa nem outra,
é melhor partir para o noticiário político ou para o jogo de dominó ou, quem
sabe ainda, procurar uma pista de ”dança tântrica”. Prestigiada ou não, e pela
sua irreverência, a crônica é meu gênero favorito, que leio vorazmente e tento
rabiscar algumas.
Mas, talvez por desconhecimento e
não por maldade, alguns professores não me entenderam e, de forma velada e cruel,
atacaram-me impiedosamente. Tachado de antiético, ridículo e outras belezuras,
fiquei estupefato. Contudo, para desgosto daqueles, outros me apoiaram,
fazendo-me imerecidos elogios.
Sinal dos tempos, uma ministra,
aquela que esteve num pé de goiaba, falando com Jesus, recentemente baixou
instrução proibindo publicação de livros infantis em que há estórias de fadas,
duendes e bruxas. Pela mente doente daquela senhora, todo o rico fabulário que
coloriu a infância de inúmeras gerações deverá ser banido. Sendo assim, Pequeno
Polegar, Branca de Neve, A Bela Adormecida e tantas outras eternas obras de
referência deverão ir ao fogo que, espera-se não ser eterno.
Censurado ou não, devo continuar
publicando minhas crônicas aqui. Convido ao raro leitor, se ainda o tenho, que
as leia criticamente. Não tenho intenção de ferir ninguém e, caso alguém se
sinta atingido, que use a caixa de comentários. Aproveite-a, também, para apontar meus
muitos erros de Língua Pátria, e eu ficarei agradecido por tão generosa
intervenção. Mas sem patrulhamento, por favor!
FILIPE
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