“Apenas a ignorância, e tão
somente ela, pode nos fazer felizes”.
A frase acima é de minha lavra, e por isso mesmo de péssimo gosto.
E como mau frasista que sou, por coerência, continuo escrevendo más crônicas.
Partindo da premissa de que apenas os ignorantes são felizes,
então não sei o porquê de minha tristeza. Ultimamente estou numa melancolia de
dar dó e por isso evito o noticiário, todo ele. Não tenho tomado conhecimento
dos fatos de Brasília, do meu estado, do meu município e, muito menos, do
mundo. Sei que a Rússia continua esganando a Ucrânia e Israel prossegue
fustigando os palestinos. Como não posso deter a fúria assassina daqueles
genocidas, prefiro não tomar pé dos acontecimentos.
O mesmo acontece com as notícias que vêm do sul. Sei que o Rio
Grande está sob um dilúvio de proporções bíblicas e que o gaúcho vive seus
piores dias. Aqui, sim, eu poderia fazer alguma coisa, e tenho tentado. A minha
contribuição se faz com algumas preces, que são bem fraquinhas – e com uma
irrisória contribuição financeira, que poderia ser mais significativa caso
minha humana sobrevivência permitisse.
Ah, e o cavalo? Então, embora eu não tenha lido nada sobre aquelas
cheias, sei do desespero dos gaúchos e deles me compadeço conforme já exposto
acima. Do cavalo, eu soube de sua aflição por várias fontes. Diziam que ele
estava por dias num telhado, sem água nem comida. Só não me contaram o que o
animal fazia ali: se esperava por socorro ou pela morte. Felizmente, apesar dos
protestos de “pessoas de bem”, uma equipe de salva-vidas resgatou o Caramelo –
esse é o nome do animalzinho.
A Natureza não é aquela mãe ingênua e charmosa conforme os
românticos acreditam. Ela é sábia, generosa, mas exigente e até vingativa. Não
seria de bom-tom desafiá-la como temos feito. O desmatamento, a contaminação
das águas e do solo, a emissão de gases de efeito estufa e outras traquinagens
farão gemer esta geração e a próxima – isso se houver a próxima!
Ainda bem que o nosso bravo povo sulista não se separou do
‘brasilzão’ conforme querem alguns desalmados. É de todos conhecido o rompante
separatista de certos gaúchos e catarinos desejosos de criar a ‘república do
sul’, incluindo aí o Paraná. Para aqueles celerados, o norte e nordeste são obstáculo ao desenvolvimento econômico puxado pelo sul. Contudo, neste momento
aflitivo a solidariedade aos sulistas veio de todos, particularmente da
população agreste.
Quando vi a imagem triste do tristonho Caramelo, pensei que ele
estivesse nessas ruminações aqui descritas. No entanto, acho que ele estava
mesmo é esperando por Noé. Que, enfim, chegou!
FILIPE
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