Os onze estivemos reunidos por várias horas
na noite do sábado; após o almoço no domingo, alguns já buscaram o caminho de casa
e se mandaram, mas continuei por ali até o meio da semana.
Dois dias após nosso convescote, uma querida
prima, muito considerada por nós e que estava gravemente enferma, partiu. Então,
encerro aqui o assunto dos Moura Lima e passo para a Marilza, essa menina tão
doce, tão meiga e que nos deixou tão cedo.
Por quase dois anos acompanhei o sofrimento
dessa prima e de seus familiares. A Marilza era uma mulher singular: honesta, generosa,
simples, humilde, fervorosa e otimista. Quem a visitava saía de lá com o espírito
elevado.
Foi numa tarde ensolarada, após uma sesta,
que um áudio no WhatsApp me trouxe o passamento da prima. Minha irmã, que costumava
acompanhá-la nas idas e vindas do hospital, deu a notícia. Abaixo, segue um
pequeno relato do que vi e vivi naquele anoitecer. Isso foi partilhado com
alguns de minha família, mas será registrado neste blog de memórias.
Ainda na tarde daquele dia, fomos até a casa
da Marilza e encontramos lá o esposo e o filho; pouco depois chegaria da escola
a filha – uma menina-moça, mais menina do que moça. Ali era tudo devastação,
solidão, um sofrimento indizível. Minha irmã e uma tia, que era comadre da minha
prima, também estavam presentes e os ajudavam a organizar as coisas. Porém,
alguém teria que dar a notícia aos pais da Marilza, e elas foram até a casa deles.
Eu continuei por ali sem saber o que fazer, totalmente perdido, tentando encontrar
um caminho.
Daí, tive uma feliz inspiração. Como todos
estavam sem condições para resolver as coisas, decidi agir. Pedi permissão para
assumir a difícil tarefa de cuidar da burocracia com translado, funerária etc. Mas,
antes de sair para Visconde do Rio Branco, uma cidade vizinha, aproveitei que eles
estavam na varanda da sala, e os convidei para uma pequena prece. Antes, porém,
afirmei que o papai amparou a mamãe após a partida dele. E assim seria com eles também: a Marilza cuidaria de cada um.
Eu disse: “A Marilza queria muito cuidar de
todos vocês, mas estava doente e não conseguia; agora ela tem força para fazer
o que tanto desejava. Podem confiar na intercessão dela, porque assim se deu
com a minha mãe, que foi assistida e socorrida pelo meu pai.”
Após essa minha intervenção, fizemos uma
pequena prece. Ao fim, embora ainda estivessem emocionados, todos me pareceram um
pouco animados.
Mais tarde, quando retornei da cidade, o
clima naquela casa era bem outro e o pessoal estava completamente refeito. A
minha conclusão: a Marilza se fez presente ali! Isso eu posso atestar porque, embora
minha fé seja diminuta, numa coisa eu acredito: “quem faz o bem, recebe o bem e
continua fazendo o bem no além!”
(*) Esse foi o ‘segundo encontro’ programado, mas o terceiro realizado.
FILIPE
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