sábado, 22 de junho de 2024

SOCORRO!

 


Há exatos dois sábados a minha rotina mudou radicalmente. Para melhor? Pelo jeito... Não sei.

Essas duas pestinhas são de uma turminha de seis irmãos: dois foram para uma amiga, um pra uma conhecida, um ficou com a dona da prole e esse casal veio parar aqui, na minha casa. Claro que os dois não vieram sozinhos, pegando ônibus ou táxi ou a pé; nós os trouxemos de carro, bem acomodados no banco de trás, comigo entre eles.

O nome deles: Maneca e Pitoco. ‘Maneca’ porque eu quis homenagear o grande Pepe Mujica, que teve uma cadelinha de nome Manuela. ‘Pitoco’ porque eu quis homenagear a minha filha, que na infância teve um bichinho de pelúcia com esse nome.

A chegada desses pirralhos não foi muito tranquila. Pituca e Tiziu, meus velhos companheiros, não aceitaram os parças e foi uma luta pra chegar a um acordo com eles. Os dois veteranos urravam furiosos, tentando arrombar o portão, enquanto os pequenos tremiam e choravam de pavor. Com o Pitoco ao colo, subi a escada e tentei negociar com as feras. Enquanto o Tiziu brandia os caninos, a Pituca babava sedenta. Um Pitoco aterrorizado esperneava nos meus braços, implorando pra eu desistir. Mas eu precisava forçar aquele contato, até porque não havia a opção de retorno. A custo, depois de horas, as coisas se ajeitaram um pouco.

Agora os “meninos’ parecem ter adotado a Pituca como mãe e não a deixam em paz. Onde quer que ela esteja ou aonde ela vá, eles, se não estiverem ocupados, estão pulando nela, impedindo-a de andar etc. Bem feito pra Pituca, que é uma matrona muito chata e agora tem uma boa sarna pra coçar! Por outro lado, o Tiziu já aprontou das suas. Certa vez, avançou sobre a Maneca e a mordeu no ‘rosto’. Depois de ser repreendido, tomou rumo, aquietou-se e não buliu mais com as “crianças”.

A foto que ilustra esta crônica foi feita à tardinha do dia em que chegaram, após longas horas de batalha até a pacificação. Naquele momento, já apaziguados, os novos inquilinos exploravam e contemplavam o ambiente. Os dias seguintes foram de intensa alegria, mas apenas deles, porque a minha paz “foi pro saco”.

Gente, essas pestes destroem tudo, mas tudo mesmo, e estão dilapidando meu patrimônio! Tapetes, ferramentas, chinelos... Tudo que eles encontram é reduzido a nada. Neste exato momento em que escrevo, ouço um barulho no quintal. Já fui conferir e os vi fazendo ‘cabo de guerra’ com um tapete.

Ah, eu tinha uma roseira!... Comprei uma muda de rosa, que me custou sofridos ‘onze reais’, com uma flor vermelha em botão. Decidi plantá-la num lugar “inacessível” a eles. Se bem que a “patroa” alertou: cuidado com os cães! E não é que os traquinas descobriram minha roseira e a comeram inteira?... Da planta só restou um toco. Será que o toco vai brotar? E se brotar, será que eles vão deixar crescer e florir?! Sei não... Acho que com esses dois pirralhos nunca mais terei paz. Nem roseira. Terei apenas a companhia deles, e isso basta.

FILIPE


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