Há exatos dois sábados a minha
rotina mudou radicalmente. Para melhor? Pelo jeito... Não sei.
Essas duas pestinhas são de uma turminha
de seis irmãos: dois foram para uma amiga, um pra uma conhecida, um ficou com a
dona da prole e esse casal veio parar aqui, na minha casa. Claro que os dois
não vieram sozinhos, pegando ônibus ou táxi ou a pé; nós os trouxemos de carro,
bem acomodados no banco de trás, comigo entre eles.
O nome deles: Maneca e Pitoco. ‘Maneca’
porque eu quis homenagear o grande Pepe Mujica, que teve uma cadelinha de nome
Manuela. ‘Pitoco’ porque eu quis homenagear a minha filha, que na infância teve
um bichinho de pelúcia com esse nome.
A chegada desses pirralhos não
foi muito tranquila. Pituca e Tiziu, meus velhos companheiros, não aceitaram os
parças e foi uma luta pra chegar a um
acordo com eles. Os dois veteranos urravam furiosos, tentando arrombar o portão,
enquanto os pequenos tremiam e choravam de pavor. Com o Pitoco ao colo, subi a
escada e tentei negociar com as feras. Enquanto o Tiziu brandia os caninos, a
Pituca babava sedenta. Um Pitoco aterrorizado esperneava nos meus braços,
implorando pra eu desistir. Mas eu precisava forçar aquele contato, até porque
não havia a opção de retorno. A custo, depois de horas, as coisas se ajeitaram
um pouco.
Agora os “meninos’ parecem ter
adotado a Pituca como mãe e não a deixam em paz. Onde quer que ela esteja ou
aonde ela vá, eles, se não estiverem ocupados, estão pulando nela, impedindo-a
de andar etc. Bem feito pra Pituca, que é uma matrona muito chata e agora tem
uma boa sarna pra coçar! Por outro lado, o Tiziu já aprontou das suas. Certa
vez, avançou sobre a Maneca e a mordeu no ‘rosto’. Depois de ser repreendido,
tomou rumo, aquietou-se e não buliu mais com as “crianças”.
A foto que ilustra esta crônica foi
feita à tardinha do dia em que chegaram, após longas horas de batalha até a
pacificação. Naquele momento, já apaziguados, os novos inquilinos exploravam e
contemplavam o ambiente. Os dias seguintes foram de intensa alegria, mas apenas
deles, porque a minha paz “foi pro saco”.
Gente, essas pestes destroem
tudo, mas tudo mesmo, e estão dilapidando meu patrimônio! Tapetes, ferramentas,
chinelos... Tudo que eles encontram é reduzido a nada. Neste exato momento em
que escrevo, ouço um barulho no quintal. Já fui conferir e os vi fazendo ‘cabo
de guerra’ com um tapete.
Ah, eu tinha uma roseira!... Comprei
uma muda de rosa, que me custou sofridos ‘onze reais’, com uma flor vermelha em
botão. Decidi plantá-la num lugar “inacessível” a eles. Se bem que a “patroa”
alertou: cuidado com os cães! E não é que os traquinas descobriram minha
roseira e a comeram inteira?... Da planta só restou um toco. Será que o toco vai
brotar? E se brotar, será que eles vão deixar crescer e florir?! Sei não...
Acho que com esses dois pirralhos nunca mais terei paz. Nem roseira. Terei
apenas a companhia deles, e isso basta.
FILIPE
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