sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O AMIGO INDIGNADO

Por tempos não o via. Ao encontrá-lo, quis falar sobre tudo, conforme nosso velho costume: religião, família, música, o tempo etc. Uma conversa de sempre, amena, com os semblantes serenos.  Mas, desta vez, o assunto começou com ‘política’, e adeus serenidade! De cenho franzido, ele foi logo dizendo: “Não entendi, não pode ser. O que você vê na Dilma para defendê-la assim tão radicalmente?” Eu queria responder, mas ele não permitiu que o interrompesse. Quis continuar, completar seu arrazoado. “Aqui, eu não vejo jornal na Globo. Assisto ao jornal da Bandeirantes e lá há pessoas sérias, mas só apontam sujeiras. O que esse PT faz e o que essa Dilma tem feito...  Até onde vai esse trem, sô? Eu queria que você fosse sensato e não ficasse assim, defendendo essa gente.” “Mas, a mídia domina tudo!...” Tentei, mas fui interrompido e resignei-me a ouvir o amigo indignado. “E tem mais. Você, eu me lembro, sempre defendeu o MST, que só invade e destrói. O que esse pessoal fez de bom até agora? Nada! Olha, eu gosto do seu blog, gosto de ler suas crônicas, mas quando você se mete a escrever sobre política..., dá vontade de nem abrir mais, deixar pra lá.” Aproveitei uma brecha e arrisquei: “Quando escrevo, acho que eu não deveria pensar assim, levo em conta o leitor. Quero que ele continue acessando.”  “Ah, meu caro, você pode até pensar nos outros, mas em mim você não pensa. Senão, não ia ficar escrevendo bobagens, uai! Me desculpe. Às vezes tenho até vontade de postar um comentário, mandar um e-mail, mas penso: ‘vou ofender meu amigo’. Então, deixo pra lá.”

Esse pequeno diálogo com o amigo-leitor foi emblemático, pois ficou subentendido que eu devesse ser mais sutil. Que eu não fosse assim tão explícito na defesa de alguém que, no seu ponto de vista, não faz jus a tal deferência. Na oportunidade que me surgiu disse a ele que, embora eu tivesse lido e gostado da biografia da Dilma, não sou tão devoto dela. Confessei minha dificuldade para votar nos primeiros turnos, o que não ocorreu nos segundos. Em sua reeleição, por exemplo, não havia escolha, pois quem estava no páreo era um cafajeste – um Collor redivivo. Disse-lhe também que entendo suas críticas e lamento os dissabores de outros leitores que, sendo poucos, tendem a desaparecer. Mas...

Dias desses, paguei 70 “pilhas” a um “barnabé” com diploma de doutor para dar uma carimbada nuns documentos. O cara, que não fez outra coisa além do descrito, tentou puxar conversa para... Falar mal da Dilma! Talvez tentasse ser simpático, querendo justificar o honorário ganho em dois ou três minutos de trampo. Disse ele que uma ‘ditadurazinha militar’ não faria mal ao país. O cara é grisalho, já viveu, estudou e vem com esse papo... Apenas afirmei que não há ‘ditadura sem tortura’, ao que me respondeu: “Não, tem que ser uma ditadura moderna!”

Doutra feita, outro doutor, para justificar os 300 “pixulecos” de uma consulta, mediu minha pressão, perguntou sobre minha labuta e, na falta de assunto, arrematou: “Não tem jeito com esse país não. Enquanto esse PT estiver lá, vai ser esse caos!” Caos para quem? Para ele com seus milhões e passando férias na Europa?...

A última. Numa tarde de sábado, passando por um salão com a tevê sintonizada na Globo (aliás, aonde quer que eu vá, só dá Globo. Que saco!), vi aquele ‘Luciano Huck’ – que não conheço, mas sei que tem praia particular (proibida por lei) – anunciando um “0500” para “melhorar o Brasil”. Segundo o solerte apresentador, neste país há muita miséria, injustiça social etc. Mas para acabar com isso é preciso ligar para o ‘0500’, pois somente assim a coisa melhora.

Finalizando, seria bom sabermos que as grandes mídias são patrocinadas pelos grandes bancos, que financiam as grandes campanhas eleitorais. E que a família Setúbal, dona do Itaú e que tem como hobby bater panela na Paulista, deve R$ 19 bilhões ao Fisco (ver “Golpe de Estado”, de Palmério Dória e Milton Severiano, p.19 – Geração Editorial).  

Uma pergunta. Quantos banqueiros foram presos pela Lava-Jato até o momento?  Não, amigo, eu não me engano e continuarei no “front”. Escreverei quixotescamente sobre tudo o que me aflige, pois este é meu último respiro.


FILIPE

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